a propósito de segurança ...
retirei este documento de um site;
Década de 70 - Origens do CRM
O transporte aéreo causa em muitas pessoas uma sensação de ansiedade, existindo inclusivamente uma minoria significativa da população que tem medo de voar. Os desastres aéreos têm um enorme impacto nas populações e um seguimento exaustivo pelos media. A seguir a grandes acidentes, os governos colocam uma grande pressão nas entidades responsáveis da aviação para encontrar soluções efectivas de modo a que os acidentes não se repitam.
Foi exactamente no seguimento do mais mortifero desastre aéreo de sempre, que a aviação decidiu atacar a origem do que já tinha identificado como razão de entre 70 e 80% dos acidentes, o erro humano. A 27 de Março de 1977, na ilha espanhola de Tenerife, no meio de um intenso nevoeiro, um Boeing 747 da KLM avançou para a decolagem sem se dar conta que tinha pela frente, em taxi, avançando lentamente na sua direcção, outro Boeing 747 da Pan-Am. Quando se apercebeu da tragédia que iria acontecer, o comandante do avião da KLM, completamente carregado de combustivel, tentou desesperadamente, mas sem êxito, elevar-se por cima do da Pan Am, colidindo e provocando uma enorme explosão e a morte de 583 pessoas. A investigação do acidente mostrou que a origem do acidente tinha sido erro humano. O comandante do avião da KLM estava farto de estar à espera de autorização para descolar e queria voltar para casa o mais rapidamente possivel. Quando finalmente recebeu ordem da torre para se preparar para a decolagem, o piloto quis ouvir uma autorização de descolar. Apesar de expressar dúvidas quanto ao conteúdo da confirmação, o co-piloto não conseguiu impôr-se a um comandante dos mais veteranos e famosos da companhia.
O enorme impacto deste acidente levou a que o sector da aviação estudasse formas de resolver a questão do erro humano. O Crew Resource Management (CRM) nasceu dois anos depois do acidente, num workshop da NASA em 1979. O CRM é um sistema de formação especialmente utilizado em sectores que envolvem sistemas tecnicamente complexos e riscos elevados, onde o erro humano pode ter efeitos devastadores. Utilizado inicialmente para a melhoria da segurança aérea, o foco do CRM é a comunicação interpessoal, a liderança e a tomada de decisão.
A formação em CRM engloba uma vasta gama de conhecimentos, competências e atitudes, incluindo comunicação estruturada, consciência situacional, resolução de problemas, tomada de decisão e trabalho em equipa. O CRM pode ser definido como um sistema de gestão que permite a melhor utilização de todos os recursos disponíveis - equipamentos, processos e pessoas - para promover a segurança e aumentar a eficiência das operações.
Na definição da Agência de Investigação de Saúde e Qualidade (EUA), o Crew Resource Management (CRM), também chamado de Crisis Resource Management nalguns contextos (por exemplo, na anestesia), engloba uma série de abordagens de capacitação de grupos de profissionais para actuarem como equipas, e não como um conjunto de indivíduos. O CRM enfatiza o papel dos "factores humanos" - os efeitos da fadiga, erros de percepção esperados ou previsíveis (como a leitura errada monitores ou a audição errada de instruções), bem como o impacto de diferentes estilos de gestão e cultura organizacional em ambientes de alto stress e alto risco.
A formação em CRM desenvolve competências de comunicação, promove um ambiente mais coeso entre os membros da equipe, e cria uma atmosfera na qual os colaboradores mais júniores, ou numa posição hierárquica menos elevada, sentirão uma maior liberdade para falar quando sentirem que algo está errado. Os programas de CRM enfatizam a educação sobre os contextos em que ocorrem os erros e os aspectos da decisão da equipa, tornando propício a identificação de erros, e sua resolução, antes que causem danos.
No caso da aviação, o CRM ocupa-se, não tanto dos conhecimentos técnicos e competências necessárias para voar e operar uma aeronave, mas sim com as competências cognitivas e interpessoais necessárias para gerir o voo dentro de um sistema de aviação organizado. Neste contexto, as competências cognitivas são definidas como os processos mentais utilizados para obter e manter a consciência situacional (Situational Awareness), para resolver problemas e para tomar decisões. As competências interpessoais são consideradas como comunicação estruturada e uma série de actividades comportamentais associados ao trabalho em equipa. Na aviação, tal como noutras esferas da vida, estas áreas de competências confundem-se muitas vezes umas com as outras, e também coincidem com as competências técnicas necessárias. Além disso, não se limitam a aviões de tripulação múltipla, mas também se referem a operações com um único piloto, que invariavelmente necessita de um interface com outros aviões e com todo o apoio no solo, com o objectivo de completar as suas missões com sucesso.
Para além da aviação, o CRM tem sido adoptado por diferentes indústrias, como a Marinha, as Plataformas Petrolíferas, as Centrais de Energia Nuclear, os Comboios de Alta Velocidade, os Bombeiros e os Hospitais.
Publicada por LifeWings Iberia em 12:02
Crew Resource Management (CRM)
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Re: Crew Resource Management (CRM)
Isso é muito bonito no papel, e funciona muitas das vezes, em certos cenários.
Num avião existe uma democracia, mas quem manda é o comandante (em certas companhias é a direcçção).
Quer isto dizer que todos podem expressar a sua opinião, mas é este quem toma a decisão definitiva.
Mesmo o chefe de cabine de um voo só tem poder de decisão sobre o serviço do cockpit para trás, por exemplo se um passageiro armar desacatos ou existir um problema de segurança, a tripulação informa o comandante e este toma a decisão do que fazer, e pode por exemplo pedir a comparência da policia a fim de deter o individuo.
Mas só este tem esse poder, pelo que no meu ponto de vista o que existiu com o da KLM poderia-se passar novamente sem muita dificuldade, aquilo que existe é o bom senso e também o sentimento que em ultimo caso é a pele deles que está em jogo.
Claro que o co-piloto se pode recusar a efectuar determinadas operações que vão contra as normas/procedimentos, mas vamos imaginar um co-piloto com 22 anos e um comandante de 55 anos, no caso deste ultimo tomar uma decisão errada e insistir nessa decisão pensam que o co-piloto não se cala?? Pensem bem, basta um estar chateado e o outro não estar para se chatear nesse dia.
Para terminar, o comandante e o co-piloto a maior parte das vezes não se conhecem ou poucas vezes voaram juntos, existindo a hierarquia quase militar entre eles, e também uma distância de relacionamento entre estes e o resto da tripulação (claro que existem excepções).
Só a titulo de curiosidade, toda a tripulação (na TAP) está sujeita a exames periódicos desde fisicos a psicologicos, cursos de salvamento, de segurança, de combate a incendios de relações publicas, que poder resultar em notas negativas que afectam a progressão na carreira, e em ultimo caso na impossibilidade de voar.
O lema da tripulação é: My Job is to Save your Ass, Not Kiss it!
Num avião existe uma democracia, mas quem manda é o comandante (em certas companhias é a direcçção).
Quer isto dizer que todos podem expressar a sua opinião, mas é este quem toma a decisão definitiva.
Mesmo o chefe de cabine de um voo só tem poder de decisão sobre o serviço do cockpit para trás, por exemplo se um passageiro armar desacatos ou existir um problema de segurança, a tripulação informa o comandante e este toma a decisão do que fazer, e pode por exemplo pedir a comparência da policia a fim de deter o individuo.
Mas só este tem esse poder, pelo que no meu ponto de vista o que existiu com o da KLM poderia-se passar novamente sem muita dificuldade, aquilo que existe é o bom senso e também o sentimento que em ultimo caso é a pele deles que está em jogo.
Claro que o co-piloto se pode recusar a efectuar determinadas operações que vão contra as normas/procedimentos, mas vamos imaginar um co-piloto com 22 anos e um comandante de 55 anos, no caso deste ultimo tomar uma decisão errada e insistir nessa decisão pensam que o co-piloto não se cala?? Pensem bem, basta um estar chateado e o outro não estar para se chatear nesse dia.
Para terminar, o comandante e o co-piloto a maior parte das vezes não se conhecem ou poucas vezes voaram juntos, existindo a hierarquia quase militar entre eles, e também uma distância de relacionamento entre estes e o resto da tripulação (claro que existem excepções).
Só a titulo de curiosidade, toda a tripulação (na TAP) está sujeita a exames periódicos desde fisicos a psicologicos, cursos de salvamento, de segurança, de combate a incendios de relações publicas, que poder resultar em notas negativas que afectam a progressão na carreira, e em ultimo caso na impossibilidade de voar.
O lema da tripulação é: My Job is to Save your Ass, Not Kiss it!
Última edição por Fmpm em terça mai 10, 2011 10:55 am, editado 1 vez no total.
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Re: Crew Resource Management (CRM)
caro fmpm , numa democracia a sério as decisoes são tomadas fruto de uma visão inteligente , ou seja um comandante inteligente saberá agir depois de tentar ouvir as partes envolventes , para que a sua decisão seja a mais acertada, esta coisa de voar não pode ser uma passarele de vaidades , arrogancia e complacencia, senão teremos alguns acidentes e incidentes com pilotos portugueses.
Haverá muito que se trabalhar até o dia em que a nossa cultura passa ser mais voltada à prevenção, à educação do que à cobrança e punição, mais voltada á aplicação de treinos como o CRM do que ao empirismo.
mas aconselho a leres todo o manual de crm , só assim terás uma visão mais esclarecida sobre este dominio.
V
Haverá muito que se trabalhar até o dia em que a nossa cultura passa ser mais voltada à prevenção, à educação do que à cobrança e punição, mais voltada á aplicação de treinos como o CRM do que ao empirismo.
mas aconselho a leres todo o manual de crm , só assim terás uma visão mais esclarecida sobre este dominio.
V